Como tratar o ciúmes e a insegurança
17/01/2023
Qualquer relacionamento afetivo pode vir acompanhado de ciúmes. Isso é normal. Em doses saudáveis, demonstra que o parceiro dá valor à relação, e pode ser uma ótima forma de estreitar os laços de comunicação entre o casal, falando abertamente sobre os motivos do desconforto. No entanto, quando desconfiança, obsessão e insegurança passam a afetar negativamente o relacionamento, isso pode ser sinal de uma patologia.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP aponta que 75% dos pacientes que sofrem com ciúme patológico são mulheres bem sucedidas, na faixa dos 40 anos de idade. As características dessa doença são extrema insegurança e sofrimento com a possibilidade de seu parceiro estar lhe traindo, o que frequentemente desperta suspeitas infundadas que levam a conclusões completamente equivocadas. A isso, pode-se seguir um período de tormento nos relacionamentos.
Comportamentos extremos podem levar a interrogatórios do parceiro, supervisão infinita de cada passo, como ligações e mensagens a cada cinco minutos, comportamentos sem fim de perseguição, de checagem de roupas e itens pessoais, como o celular, email e afins. Alguns casos chegam, inclusive, a colocar câmeras escondidas na tentativa de flagrar o ato de infidelidade e até a partir para agressões na tentativa de extrair uma confissão do companheiro. Em seu nível extremo, a patologia pode levar ao cometimento de crimes e também de suicídio.
Nestes casos, evidentemente é necessário buscar ajuda profissional o quanto antes. O ciumento patológico pode causar dano não só ao seu companheiro, como a si próprio e às pessoas próximas envolvidas na relação. O caso é ainda mais complicado quando envolve filhos, em que até as crianças podem sofrer abusos.
O tratamento deve abranger, se possível, não só o doente, mas também seu parceiro. Desta forma, o quadro poderá ser avaliado com maior precisão e facilita, inclusive, a aproximação ao portador do transtorno, que, muitas vezes, não reconhece que suas suspeitas são, na realidade, ilusões. Terapias de casal associadas com terapias individuais, com foco na abordagem cognitivo-comportamental costumam ter ótimos resultados. Nesses casos, o paciente será ensinado a distinguir as situações que provocam os ciúmes, e orientado a buscar alternativas para interromper esses ciclos. Ainda, aprenderá a melhor forma de lidar com os sintomas que levam à extrema desconfiança, como sentimentos de inferioridade, inadequação ou medo de abandono.
A combinação com medicamentos poderá ser utilizada nos casos em que a obsessão seja causada por alguma disfunção mental, como transtornos depressivos, transtorno bipolar e esquizofrenia. Alguns casos requerem, ainda, a separação definitiva do casal para a proteção de ambos, o que pode ser avaliado por uma assistente social. Casos extremos envolvem, inclusive, medidas judiciais para a manutenção da integridade física dos envolvidos. Desta forma, a patologia deve ser levada a sério e o tratamento deve ser buscado o quanto antes, de forma a não colocar vidas em risco.
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