Quanto tempo uma pessoa fica no centro de recuperação?
28/10/2024

Não existe um “prazo mágico” para a reabilitação. O tempo de internação em um centro de recuperação varia conforme o perfil da pessoa, o tipo de substância, a gravidade do uso, o histórico de recaídas e o suporte familiar. Em vez de buscar um número fixo, o ideal é entender as fases do tratamento e os critérios clínicos que orientam a alta com segurança.
Visão geral do tempo de permanência
- Curta duração (30 a 45 dias): indicado para casos leves a moderados, com foco em desintoxicação, estabilização clínica e início da psicoterapia.
- Média duração (60 a 90 dias): recomendada quando há craving intenso, dificuldades emocionais relevantes e necessidade de consolidar habilidades de prevenção de recaídas.
- Longa duração (90 a 180+ dias): voltada a quadros complexos, histórico de múltiplas recaídas, comorbidades psiquiátricas ou ambiente social de alto risco.
Resumo honesto: a maioria das internações eficazes gira entre 30 e 90 dias, mas alguns casos precisam de planos mais longos para estabilização e retomada da autonomia.
Fatores que realmente influenciam a duração
- Tipo e gravidade da dependência: substâncias de alto potencial de recaída podem exigir estadias maiores e desmame cuidadoso.
- Comorbidades psiquiátricas: depressão, ansiedade, TDAH, transtorno bipolar ou trauma pedem tempo extra para alinhar medicação e terapia.
- Histórico de tratamento: recaídas repetidas indicam que a pessoa ainda precisa fortalecer habilidades de enfrentamento.
- Rede de apoio: quanto mais estruturada a família e o ambiente de retorno, menor tende a ser o tempo necessário de internação.
- Adesão ao plano terapêutico: participação ativa nas atividades acelera ganhos e pode abreviar a permanência.
O que acontece em cada fase
1) Desintoxicação e estabilização
Primeiros dias focados em segurança clínica, manejo de abstinência e regulação do sono e do humor. Aqui se definem os primeiros objetivos e os riscos de curto prazo.
2) Reabilitação intensiva
Entram as terapias baseadas em evidências (TCC, entrevista motivacional, prevenção de recaídas), psicoeducação, grupos, atividade física e rotinas estruturadas. O objetivo é reduzir gatilhos, treinar habilidades sociais e reconstruir o projeto de vida.
3) Planejamento de alta e pós-cuidado
Com a clínica estabilizada, a equipe prepara um Plano de Continuidade com consultas, grupos de apoio, metas semanais e estratégias para situações de risco. Essa etapa é determinante para manter os ganhos fora do ambiente protegido.
Como saber se já é hora da alta?
- Estabilidade clínica: sintomas de abstinência controlados e medicação ajustada (quando indicada).
- Autocontrole maior que o impulso: a pessoa reconhece gatilhos e aplica técnicas de enfrentamento sem supervisão constante.
- Plano de pós-alta pronto: agenda de terapia, grupos, responsabilidades diárias e suporte familiar definidos.
- Ambiente minimamente seguro: moradia e rotina sem exposição intensa a estímulos de recaída.
Quando a internação precisa ser mais longa
Se há recaídas frequentes dentro do próprio serviço, comorbidades sem controle, baixa adesão às atividades ou retorno domiciliar de alto risco, a equipe pode indicar extensão do período. Tempo adicional não é “castigo”: é investimento para evitar ciclos de entradas e saídas que desmotivam e encarecem o processo.
O papel da família no encurtamento (saudável) do tempo
- Psicoeducação familiar: entender a doença, suas fases e sinais de alerta.
- Limites e combinados claros: apoio sem permissividade ao uso.
- Participação em sessões: melhora comunicação, reduz conflitos e fortalece a rede.
- Rotina de acolhimento: tarefas, horários, atividades saudáveis e acompanhamento do plano.
Depois da alta: o tempo que sustenta a recuperação
Alta não é o fim, é o início da manutenção. As primeiras 12 semanas pós-internação são críticas. Recomenda-se:
- Consultas regulares (psiquiatria/psicologia) e ajustes finos de medicação.
- Grupos de apoio semanais e mentorias de sobriedade.
- Plano de crise por escrito para lidar com gatilhos e urgências.
- Rotina saudável: sono, alimentação, exercícios e novos vínculos sociais.
FAQ rápido
30 dias são suficientes?
Para alguns, sim — principalmente quando há boa rede de apoio e engajamento. Para muitos, 60–90 dias oferecem resultados mais consistentes.
Internação longa vicia a pessoa no tratamento?
Não. Internações extensas são usadas com critérios clínicos e integradas a metas de autonomia e reinserção social.
E se houver recaída?
É um ajuste de rota, não fracasso. Revê-se o plano, reforçam-se estratégias e, se necessário, reintensifica-se o cuidado (ambulatorial ou internação breve).
Mensagem final
Cada jornada é única. Em geral, 30 a 90 dias funcionam bem, desde que seguidos de um pós-cuidado consistente. O ponto central é alta segura com plano claro, não “contar dias no calendário”.
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